Forbes Women: entrevista com Zyanya Bejarano da Instructure

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    Não ter medo de se destacar é essencial para crescer em cargos de liderança: Zyanya Bejarano

    A gerente geral da Instructure na América Latina, Zyanya Bejarano, espera ampliar o alcance da educação por meio da tecnologia.

    Na América Latina, menos de 30% dos cargos de liderança em empresas de tecnologia são ocupados por mulheres, segundo o relatório Women in Technology, realizado pela empresa de recrutamento Michael Page.

    Zyanya Bejarano faz parte deste seleto grupo de mulheres e espera criar um padrão para as futuras gerações.

    “Sinto que é uma responsabilidade e um privilégio, porque toda vez que entro em uma sala de reunião em qualquer país, não sou vista apenas como Zyanya, a líder em tecnologia educacional. Sou também a Zyanya, uma imigrante mexicana, uma mulher de pele escura: o pacote completo é o que eu represento”, ressaltou Bejarano em entrevista à Forbes México.

    Liderando a mais consolidada EdTech da Instructure, Zyanya admite que, embora nunca tenha esperado ser capaz de servir como modelo, espera ter o mesmo efeito de esperança e coragem que sua avó e sua mãe tiveram sobre ela: “Eu vou chegar lá o mais rápido possível porque sei que muitas me seguirão”.

    A profissional da CDMX afirma que, desde criança, tem curiosidade sobre culturas distantes, o que a levou a estudar Negócios Internacionais. No entanto, foi o “desconforto” de sair da sua zona de conforto que a levou a trabalhar em todos os países e setores possíveis.

    A agora Gerente Geral da Instructure na América Latina afirma que desde criança tinha curiosidade sobre negócios: “Desde os sete anos eu já tinha meus cartões de visita e vendia todo tipo de coisa”.
    Zyanya estudou Negócios Internacionais na California State University em Fresno. Mais tarde, surgiram várias oportunidades. Uma delas, e a mais marcante em seus primeiros anos de graduação, foi um programa que realizou no Peru, onde capacitou mulheres empreendedoras.

    Ao retornar aos Estados Unidos, conseguiu seu primeiro emprego formal em uma empresa de Los Angeles. No entanto, sentiu falta da maneira pela qual, por meio do ensino, poderia impactar positivamente diversos grupos.

    “No final das contas, meu trabalho não tinha aquele “diferencial” que encontrei no Peru, porque o conhecimento que pude transmitir para aquelas mulheres teve impacto na vida delas. Lá ficou muito claro para mim que a melhor maneira de amplificar esse impacto era através da tecnologia.”
    Após reconhecer como educação e tecnologia juntas mudam a vida das pessoas, ela se candidatou a uma vaga na Instructure, a plataforma de aprendizagem proprietária do Canvas LMS – um facilitador de ensino e aprendizagem online – que já em 2013 liderava as EdTechs.

    Ela se lembra de não atender a todos os requisitos solicitados para essa vaga. No entanto, como parte de sua inscrição, ele descreveu à Instructure como sua experiência poderia beneficiar a EdTech. Zyanya diz que essa coragem – que rendeu frutos – foi motivada por sua mãe, que trabalhou duro para lhe proporcionar a melhor educação.

    “Nunca tive medo de me destacar e isso tem sido fundamental para continuar crescendo em uma posição de liderança, porque existem vários escalões: primeiro, você se sair bem na carreira inicial, depois buscar oportunidades diferentes, chegar a posições de liderança e estar constantemente enfrentando desafios e pessoas questionando suas habilidades como líder”, explica.

    Bejarano garante que, no início, foi a única funcionária da Instructure a atender a região: “Do Rio Bravo à Patagônia” e, com o passar do tempo e com a importância que a América Latina passou a ter no posicionamento do Canvas e nos demais produtos da Instructure, foram agregando gradativamente mais funcionários ao time, do qual Zyanya hoje é líder.

    Posicionamento das mulheres na tecnologia e na educação

    Bejarano garante que, na sociedade latino-americana, ainda é comum dizer às meninas “de boca fechada você é mais bonita”. No entanto, figuras como a mãe e a avó – profissionais e trabalhadoras – a incentivaram a continuar avançando em cenários adversos.

    Zyanya admite que a questão da representatividade é muito importante para ela, por isso tenta manter uma equipe de trabalho diversificada. Além disso, é membro das organizações internacionais Latinas in Tech e Women Tech Council.

    “Já participei de muitas reuniões de representantes de tecnologia em que sou a única mulher na mesa. Isso está mudando, mas cabe a nós dizer ‘precisamos de mais mulheres, porque aqui não há diversidade de pensamento’”, diz ela.

    A mexicana alerta que a baixa representatividade das mulheres na tecnologia não é o único problema de equidade dentro das EdTechs, pois também há poucas mulheres líderes na área de educação, o que a preocupa considerando que, nessa área, a maioria da força de trabalho é feminina:
    “Um percentual de 38% de lideranças femininas (na educação) é bom, porque normalmente estamos um pouco acima de 30% em outras áreas. No entanto, as mulheres são mais da metade da população mundial e na educação somos 65%. Então por que não há um mínimo de 65% de líderes mulheres na educação? Não faz sentido", lamenta Bejarano.

    Educação online após a pandemia

    A adoção da tecnologia durante a pandemia, como ferramenta essencial na educação, ocorreu em ritmo acelerado. Isso, apesar das lacunas de conectividade em vários países e do fato de que a maioria dos professores não possuía o conhecimento necessário para tornar a aprendizagem online efetiva.

    Nos resultados do Estudo Global da Instructure de 2021, a região da América Latina surpreendeu ao mostrar um maior uso de ferramentas virtuais para ministrar aulas, webinars ou chats, do que outras regiões, como a Europa.

    “Na América Latina, ao invés de ter um computador, temos um dispositivo móvel. Então é daí que vem o aumento do uso de dispositivos educacionais, porque eles têm acesso pelo celular”, explica a especialista.

    Esses dados são importantes considerando que, segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), a penetração da banda larga móvel na América Latina em 2020 foi de 70%, contra 14% da banda larga fixa.

    Zyanya garante que a adoção da tecnologia na educação foi muito positiva, considerando a baixa confiabilidade que existia anteriormente nas ferramentas digitais. No entanto, a tecnologia estava focada em substituir as aulas presenciais por plataformas de videoconferência, ao invés de buscar alternativas que melhorassem o ensino online.

    “Não houve capacitação suficiente para os professores em programas focados na virtualidade e não apenas na substituição. Honestamente, muito poucos professores na América Latina realmente entendem como fazer programas virtuais e educação a distância. Então, com esses poucos recursos, o que foi feito foi heroico”, esclarece a especialista.

    De acordo com dados do Canvas, aproximadamente 70% dos alunos disseram estar atrasados ​​nos estudos devido à pandemia. Com isso em vista, Zyanya garante que os esforços da Instructure estão focados em ampliar e melhorar a educação online:

    “Ampliar para fornecer acesso e disponibilidade de recursos educacionais por meio da tecnologia. E, com melhorar, falamos da qualidade do ensino. Como através de nossos produtos podemos apoiar o professor, o aluno e os administradores para que possam ter interações que realmente agreguem ao processo de ensino e aprendizagem”. 

    Zyanya garante que os próximos passos da Instructure e do Canvas na América Latina terão como objetivo complementar o melhor das ferramentas digitais com as vantagens do ensino presencial.
    Para conseguir isso, e para ajudar as instituições a entenderem a adoção da tecnologia, a Instructure fornecerá análises para que os professores entendam seus campos de oportunidade. Ao mesmo tempo, a EdTech realizará microcredenciais para que os alunos tenham suas habilidades específicas identificadas e os ajudem a compartilhá-las com o mundo.

    Leia a entrevista original publicada pela Forbes Women Mexico aqui.

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